O primeiro tema a ser retrato aqui no Blog é sobre as novas medicações para Alzheimer, no caso, os chamados anticorpos monoclonais. A demência de Alzheimer é uma doença extremamente prevalente, representa 2/3 de todas as demências, atingindo 6-8% de todos os idosos.

O tratamento inicia-se no estímulo cognitivo, na prática de exercícios e no importante suporte familiar. Quanto a medicações, inicia-se com os Inibidores da colinesterase: donepezil, rivastigmina, galantamina, podendo numa fase mais moderada utilizar a memantina (inibidor do receptor NMDA). Também podem ser associados antidepressivos e medicamentos psicoativos ao longo do tratamento.

A partir de 2021, quando foi aprovado pelo FDA, tem se usado para casos específicos
os anticorpos monoclonais. A primeira medicação que se ouviu falar foi aducanumab, o que com razão fez surgir uma nova esperança para familiares e pacientes depois de tantos anos sem novas medicações para a doença.

A doença de Alzheimer tem como fisiopatologia a deposição de placas de Beta-amilóide no tecido cerebral, sendo que com a evolução da doença, essas formações tendem a aumentar progressivamente, prejudicando o funcionamento normal do cérebro. De 2021 a 2024 surgiram o lecanemabe e o donanemabe, sendo que este último só foi autorizado em 2024. Eles funcionam de maneira diferente, visando reduzir o beta-amilóide em diferentes estágios de formação de placa e para retardar a progressão da doença e reduzir o declínio clínico.

Essas medicações devem ser prescritas para somente alguns casos e óbvio, com indicação e acompanhamento de um médico, no caso, um neurologista. Somente paciente com quadros leves da demência de Alzheimer e que tem confirmação de níveis elevados de beta-amilóide no cérebro são candidatos a terapia, pois a correlação clínica no atraso na progressão da doença parece limitada aos
pacientes nos estágios iniciais da doença.

É mandatório deixar claro as possíveis taxas de efeitos colaterais associados a infusão dos remédios, por exemplo, edema cerebral, dor de cabeça, confusão, diarreia e em casos mais graves, hemorragia. Os custos financeiros do tratamento para os pacientes vão além dos pagamentos das medicações. Deve-se incluir também as recorrentes idas aos centros de infusão, avaliações clínicas, exames de ressonância magnética e outros testes de diagnóstico. Há estimativa de custo de infusão de mais de R$ 250.000,00 por paciente/ano.

Segundo os estudos, o tratamento com o Donanemab (Kisunla™) durante 18 meses resultou num abrandamento do declínio cognitivo e funcional em aproximadamente 35% na população-alvo primária estudada. Os efeitos colaterais mais brandos ocorreram em 24 % dos pacientes avaliados e alguns efeitos mais graves em 31% dos indivíduos tratados. Uma coisa é certa. Essas novas terapias, mesmo que ainda controversas e restritas a uma parcela pequena dos pacientes, sem dúvida alguma representa um avanço no tratamento e no aprimoramento de pesquisa de uma das doenças neurodegenerativas mais prevalentes da medicina.

Vijay K. Ramanan, MD et al. Antiamyloid Monoclonal Antibody Therapy for Alzheimer
Disease Emerging Issues in Neurology. Neurology. November 7, 2023 issue 101 (19) 842-852 Cummings J, Salloway S. Aducanumab: Appropriate use recommendations. Alzheimers
Dement 2022; 18:531. geriatricscareonline.org. American Geriatrics Society. Acesso em 25/08/2024.

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